Vale destacar
a presença desse maestro no Brasil, que esteve com a Companhia de Teatro de
Revista espanhola Velasco[1] no Brasil em 1923, 1924, 1925 e 1928,
que influenciou a modernização do teatro de revistas nacional, sobretudo no
tocante aos aspectos visuais da cena[2]. De acordo com CASCAES (2014) [3], após a visita da Velasco
“as revistas cariocas passaram a fazer referências desde trajes típicos
espanhóis a ritmos flamencos” (2009, p. 105). Segundo Paiva, (1991:231): “as
espanholas de castanholas dançavam o flamenco no palco do João Caetano para
deslumbramento dos espectadores do Arco-Íris [...]”.[4]
Antonio de Bilbao
foi o professor de Vicente Escudeiro[5], um dos maiores bailarinos
de Flamenco da Espanha e Carmen Gómez
“la Joselito”. Foi considerado um dos artistas mais importantes e
influentes do baile flamenco·; Antonio el de Bilbao foi “el bailaor con mejor técnica de ejecución de pies en aquella época”[6].
“Antonio fue además un bailaor que
hizo gala de una envidiable imaginación artistica. Cuando actuó en París, en La
Rata Muerta, coreografió La Corrida de Valverde, que luego interpretaría La Argentina. Se cuenta además que,
después de ver un ballet ruso en el Teatro de la Zarzuela, fue capaz de
reinterpretar sus bailes por bulerías”.( GARCIA, 2008 p.329).
O Jornal a
Gazeta de São Paulo destaca: “sapatearam (Bilabao e Verdiales) obtendo ruidosos
aplausos. Encerrou o espetáculo uma castanholada dançada por um grupo
sympathico de bailarinos”[7]
Vicente Escudero, no seu
livro Mi Baile, faz-lhe esplêndidos elogios a Bilbao e Fernando el de Triana, escreve o seguinte julgamento sobre a sua
personalidade artística: "desde a época de Miracielos e el Raspao
até hoje, este foi o bailarino que mais demonstrou a execução dos pés. O
zapateado e as Alegrias foram os maiores, mas como não há alegria completa,
pode-se dizer que o famoso Antonio de
Bilbao é muito desigual, tanta facilidade com os pés quanto diferença
artística da cintura para cima " Se a colocação dos braços estivesse
relacionada à execução dos pés, sem dúvida ele seria o melhor dançarino
conhecido até hoje."[8]
Foi apresentado em Madrid, no Circo de
Paris, embora só em 1906 (com 27 anos), quando “este homem de estatura baixa e
membros curtos deslumbrou o público” numa atuação improvisada no Café de la Marina em Madrid, acompanhado pelo
famoso Ramón Montoya no violão,
sendo nesse momento contratado para se apresentar ao lado dos famosos
bailarinos Faíco, Minuto e Mojigongo.
“Foi benéfico para ele crescer e viver
nas cidades culturalmente mais ativas do País Basco. Bilbao tinha muito peso
porque lá havia um grande número de cafés cantantes.”[10]
Em 1909 em Paris, Antonio Bilbao se
aparesentou por dois meses no Bal Tabarin, o principal rival do Moulin Rouge
junto a uma companhia espanhola onde dançava a celebre Bailarina Juana la Macarrona.
Em 1914, sob o nome de El Embrujo de Sevilla, foi
apresentado um espetáculo no teatro Alhambra de Londres, do qual participou Antonio el de Bilbao na companhia de La Argentina, la Malagueñita, Realiato e
Faíco, entre outros artistas de destaque.
Mais tarde se apresentou em Paris, no Colmao La Feria do violonista Amalio Cuenca e no Cabaret La Rata
Muerta de Pigalle e volta para Sevilha.
Foi para
Havana em 1917 com 38 anos e nesse mesmo ano chegou à Nova York com sua esposa,
com quem se apresentavam em casal nos mais famosos lugares da Broadway. Pouco
depois, eles acabam se divorciando.
Um ano depois, formou um trio com Julia e María Verdiales. Junto
com elas, ele viajou de costa a costa pelos Estados Unidos durante três anos.
Nesse período, ele se envolveu romanticamente com Julia, e eles tiveram um
filho.
A sobrinha do
bailarino, Charo Contreras Verdiales,
que foi diretora de dança do Instituto de Teatro de Barcelona, em uma
entrevista conta que - quando criança o viu dançar várias vezes no Teatro
Martí de Havana,Cuba, um zapateado
sobre a mesa com os pés amarrados e deixou os habitantes locais loucos. Imerso
em aplausos, ele tirou as botas e as mostrou para mostrar que, diferentemente
de seus parceiros de sapateado[11], não usava chapinhas.[12] Um Jornal no Brasil em
1923 destacou também esse numero onde “dançava com os pés amarrados o zapateado[13]”, que levou o publico a
aplausos.
O
empresário Eulogio Velasco o contratou para suas revistas nesse ano de 1923,
juntamente com Adriana Carreras e as Verdiales,
percorrendo diversos pontos da Espanha e do exterior.
Nas suas viagens pelas Américas e Cuba, a dança tauro-flamenca deu grande sucesso
a “El de Bilbao”. As raízes deste zapateo
vêm da dança de El Vito, que imita as
touradas e o destino do animal. A
tourada Valverde dançada por Antonio el de Bilbao, é a escolhida pela imprensa
do momento como a mais bonita, composição que anos depois fará parte do
repertório[14]
de Antonia Mercé La Argentina,
bailarina de dança espanhola[15].
Após encerramento da carreira artística Antonio Bilbao dedica-se ao ensino de sua arte, a sobrinha do dançarino conclui que seu tio morreu aos cinqüenta e seis anos em Madrid devido a um ataque cardíaco durante uma de suas aulas, embora em muitas publicações afirmarem que encerra a carreira artística e morreu em Buenos Aires.
A Velasco revoluciona o teatro de Revista no
Brasil, a sua fama influencia nos palcos; chega aos palcos catarinenses, a
Resvita Feerie em 2 atos e 8 quadros de jazz band.
Henrique Boiteux fala ao jornal a Republica[16] que “o
quadro será apresentado rompendo cortinas, e efeitos de luz”..(ano)
O jornal o Estado de Florianópolis, traz uma
nota sobre a companhia de Revista Espanhola[17]:
“Os últimos acordes e a lembrança da
polychromia estonteante da Velasco ainda nos andavam n'alma com os seus
costumes bizarros e as suas vestimentas typicas, os seus matons de Manilha e as
suas castanholas, representando tudo a poética terra da Espanha, resplen- dente
de luz e de volúpia, suspi- rando terramente sob a Porta do Sol”
[1] A passagem das Companhias Espanholas de teatro de
revista pelo Brasil e a sua influencia nos teatros de revista do Rio de Janeiro
e a Dança Espanhola na década de 1920. Alessandra Gutierrez Gomes , pesquisa
pós Graduação em Teatro Musical.2024.
[2] BORDADOS E BAILADOS: Coristas e o Imaginário Moderno Vera
Collaço, Laura Silvana Ribeiro Cascaes, 2014.
[3] Idem 2.
[4] Corpo que Baila e Cintila Bailados Revisteiros e
Modernidade Coreográfica1 Vera Collaço2 Laura Silvana Ribeiro Cascaes3
DAPesquisa, Florianópolis, v.4 n.6, p. 063-066, 2009.pagina 63.
[6] PAZOZ, François Soumah. Catalunya ballarina flamenca,
Visiones del baile y la danza flamenca.
file:///C:/Users/User/Downloads/146399-Text%20de%20l'article-233304-1-10-20100319%20(1).pdf.
[7] A Gazeta, SP, Edição 05591 de 13de setembro de 1924
página 5.
[8] https://elartedevivirelflamenco.com/bailaores225.html tradução feita pela escritora.
Publicado no site: https://www.juntadeandalucia.es/cultura/flamenco/content/antonio-el-de-bilbao-bailaor. E em uma entrevista dada pela sobrinha dele ao site https://www.academiadelasartesycienciasdelflamenco.es/es/antonio-el-de-bilbao, que afirma ser em 1879, seguirei essa afirmação.
[11] Faz alusão aos sapatos de Sapateado Americano, os sapatos de
flamenco têm preguinhos na meia ponta (planta) e salto (tacón).
[13] O Paiz, pagina 2, 11 de outubro edição 14035, 1923.
[14] Foi em Paris quando trabalhou no cabaré La Rata
Mueta de Pigalle, que tornou famosa a sua interpretação da Corrida de Valverde,
coreografia que mais tarde foi dançada por La Argentina.
[15] https://www.academiadelasartesycienciasdelflamenco.es/es/antonio-el-de-bilbao
La Corrida de Q. Valverde https://www.youtube.com/watch?v=Um4H7snTV6s
[16] Jornal a Republica de SC.ed 00037, pagina 05.
[17] Jorna o Estado de Florianópolis de 1925 ed 03254, pag 20/4 cita uma matéria do jornal a Cidade da Manhã de Pelotas.