terça-feira, 2 de março de 2021

História da Dança Espanhola em Florianópolis : Nos tempos das Zarzuelas

    Quando ouvimos falar nas Zarzuelas parece algo tão longe da gente, algo que aconteceu só na Espanha; mas o que as zarzuelas têm a ver com a Dança Espanhola?

    A zarzuela popularizou o teatro musical espanhol desde o século XIX, (Já acontecia desde o seculo XVII, ela foi se modificando, estilos, etc.), ARAUJO aponta como uma das muitas características da zarzuela da segunda metade do século XIX, a presença frequente da dança como elemento cantado e também dançado.

    Carlos Iaquinta, numa conversa sobre “A Zarzuela": Um patrimônio artístico da humanidade, oferecido pelo Centro Cultural Andaluzia de Buenos Aires; destacou que do século XVII até a atualidade haviam mais de 10.000 obras de teatro musical, e uma característica a diferenciava das óperas tradicionais: Terminavam sempre em finais felizes.

    Iaquinta, argumentou que as zarzuelas em Buenos Aires opera em castelhano, comédia musical, e além disso, utiliza instrumentos como gaitas e castanholas nas orquestras, com tenores, coristas e triples.

    Esse gênero fez sucesso nos seguintes estados brasileiros: Maranhão, Pará, Bahia, Amazonas, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, faziam o circuito Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre.

    Fazia-se também circuitos entre Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre. Os florianopolitanos tiveram acesso a zarzuela em seu teatro, lembrando que éramos um porto estratégico.

    Segundo os jornais de época, base das minhas pesquisas, em 1890, Desterro, recebeu a Companhia Cômico Dramático de D. Manoel de La Vega. Pisaram a ilha com 17 artistas; companhias com até 50 componentes; bailarinos, músicos, cantores, instrumentos musicais, figurinos, cenários, toda troup, navegando mares a fora, afinal tudo era a bordo de navios.

    Em 1899 a senhorita Santafé, da Companhia de Zarzuela Chavez do Maestro Carbonell bailou uma Jota, para encanto do público.

    O nosso TAC foi palco de pelo menos 13 companhias com zarzuelas até o início da década de 20 do século XIX. Importante destacar que as zarzuelas poderiam ser um número, juntamente com peças dramáticas e comédias dentro dos espetáculos.

    Em média, foram apresentadas 30 obras de zarzuela, pesquisei uma por uma, ainda são apresentadas na Espanha, com novas releituras. Algumas delas apresentadas aqui em Florianópolis, são elas: El Lucero del Alba; Marina; Marcha de Cádiz; A Revoltosa.

(Algumas podem ser encontradas no Youtube).

Bibliografia:

ARAUJO, Vitor Gabriel de. op. Cit em ROCHA, Lílian Rúbia da Costa. Variedades teatrais no teatro de variedades. São Paulo/SP. Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – UNESP

Carlos Iaquinta, Diretor, cantor, solista de ópera, operetas e zarzuelas na Argentina. 

Palestra: 22/11/2020 online.

Periódicos: O Estado, O Dia, Republica ( Florianópolis)

Imagens ilustrativas, não corresponde a Florianópolis: Wikipédia, El Museo do Papel, Atodazarzuela.blog.








Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza referenciar a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.

História da Dança Espanhola em Florianópolis: Década de 1930

    Segundo pesquisas nos periódicos de Florianópolis, na década de 1930 quase não havia espetáculos nos teatros de bailarinas espanholas .

    O que acontecia, e muito, eram apresentações de músicos e orquestras. Nesse período nos teatros da Espanha as grandes protagonistas também eram as orquestras.

    Falar da História da Dança Espanhola em Florianópolis é muito mais que apresentar dados e números. É necessário uma contextualização histórica e geográfica para se entender como era a cidade, tudo que estava ligado a ela naquela época, assim como, de que forma essa arte chegava a seu povo.

    Em 1933, Álvaro Augusto Lopes escreve no jornal "A República" de Santa Catarina: “Uma nervosa bailarina espanhola, que viajava ao meu lado não se pode conter e se pôs a soltar gritinhos de medo... supunha que o mastro da proa se despedaçasse no parapeito da ponte... passado o susto, bateu as mãos, radiante exclamando – Que lindo! Que lindo!"

    Esta frase me fez imaginar: Quem seria essa?  Pelo trajeto estava indo para Buenos Aires, pois não havia nada nos jornais daqui que se referisse a ela. Poderia ser Antonia Mercé La Argentina!? Que andava em turnê em algumas cidades do Brasil nesse mesmo período? Passou ela por nossas águas?

    O que encanta na pesquisa é mexer em documentos, fotos ... Imaginar o que esses artistas sentiam quando avistavam dos navios ou mesmo dos hidroaviões a cidade quando chegavam. O burburinho da cidade, os bailarinos circulando pelas ruas, praças, cafés e hotéis de Florianópolis.

    Para entrar na atmosfera deixo links das músicas executadas nas apresentações dessa década no nosso teatro e clubes. Não deixe de clicar na música 6, um jornal daqui falava desse sucesso absoluto nos anos 30. É de arrepiar!


Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez.

    

Fotos da nossa Florianópolis dos anos 30:

Vapores/Navios em Florianópolis.
Revista Fon-Fon, RJ, Mai-1919.


Hidroavião passando por baixo da Ponte Hercílio Luz.
Sem referência


Trapiche do porto de Florianópolis
Revista Fon-Fon, RJ, Mai-1919.


Jornal o Estado de Florianópolis, 1934



Foto retirada do "Jornal do Mercado Público de Florianópolis".


    Vídeos sobre links das músicas executadas nas apresentações na década de 30:

[1] https://www.youtube.com/watch?v=JhaMLFq4fQw

[2] https://www.youtube.com/watch?v=Jnye2plWG2M

[3] https://www.youtube.com/watch?v=fDpSO8MjdJg

[4] https://www.youtube.com/watch?v=YcInIkM3IvA

[5] https://www.youtube.com/watch?v=ldGBgb38wno

[6] https://www.youtube.com/watch?v=2xBOOhPsP5g

[7]https://www.youtube.com/watch?v=Aw8W1ALyOOM

[8] https://www.youtube.com/watch?v=BOcSuB8cyE4

[9] https://www.youtube.com/watch?v=OY6aCYs473Q

[10] https://www.youtube.com/watch?v=j5Ew9_wU64o

Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.

História das danças espanholas em Florianópolis: Cinema

        Ao falar da História das danças espanholas em Florianópolis, não se pode deixar de lado a música, e tão pouco, o cinema que possui o brilhantismo de trazer a dança através do imaginário dos filmes.    

    Com o cinema, o contato com essa cultura também se estabeleceu. Os jornais faziam críticas dos filmes que sempre tinham um bailado. Escreviam acerca dos bailarinos, cantores e os artistas espanhóis em geral.

    O cinema proporcionou naquele momento, uma outra linguagem estética onde o “impossível era possível”, canções e estereótipos que perpassam por gerações.

       O jornal "A República" de 1936, na seção "mundo cinematográfico", trazia uma reportagem que falava de Vicente Escudero. Nesta, dizia que ele “ornamentava com número de danças modernas, construindo admiravelmente a coreografia no filme: Um brinde ao amor”. 

    Com o advento dos filmes, a dança, aos poucos, foi perdendo o seu protagonismo, muitas vezes servindo como interlúdio ou pano de fundo para a cinematografia que ainda estava sendo esboçada.

    Nas pesquisas dos periódicos isso ficou bem evidente em Florianópolis. À medida que avançava o cinema (filmes), as dançarinas espanholas, as Companhias de Variedades e Zarzuelas, já não vinham com tanta frequência se apresentar nos teatros, e isso se refletia por todo o Brasil.

    Abaixo, algumas imagem de filmes noticiados nos jornais de Florianópolis.

Fonte: Jornal A Republica, 1936.

NDMais, 5 setembros 2020, digital.

BRUM, Leonel, Videodança: Uma arte do devir.

Pesquisa: Alessandra Gutierrez Gomes

Supervisão: Rodrigo Rosa.



Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez.







Mariucha em Florianópolis - 1925

Fonte:A Notícia,1925,ed. 00174 Faz um século que  Mariucha veio a Santa Catarina com os concertistas de bandolim e guitarra premiados pelo R...