quinta-feira, 20 de maio de 2021

História da Dança Espanhola em Florianópolis - António Córdoba 1956 - Professor de Thelma Elita.

 



        Antonio Córdoba nasceu no México e lá estreou como bailarino no El Pátio, segundo MONASTERO 2014, que era o centro noturno mais importante da Cidade do México, inaugurado em 1938. Ele apresentava regularmente números de dança espanhola; às vezes era contratado exclusivamente por artistas espanhóis e outras vezes por intérpretes mexicanos e espanhóis que estavam na capital; foi para Nova York em 1942.

     Em 1942, Antonio Córdoba veio para o Brasil com Mariquita Flores, haviam se conhecido em Hollywood no filme Blood and Sand. Em sua estada no Brasil, Antonio Córdoba e Mariquita Flores viveram tempos de glória como artistas, principalmente no Cassino da Urca no Rio de Janeiro; tornaram-se famosos e midiáticos, saiam em muitos jornais e revistas da época, foram convidados para fazer filmes e frequentavam a alta roda da sociedade carioca.

    A partir de leitura de fontes dos anos em que esteve no Brasil, em especial os periódicos, constatou-se que esteve por 14 (quatorze) anos nesse país e mesmo realizando apresentações na Europa, América Latina e EUA, sempre esteve em contato direto com o Brasil.

    Em 1956 apresentou-se entre câmeras da TV Paulista. Segundo o jornal  Radiolândia, RJ: “Muito bom aquele solo de taconeio em contraponto com a guitarra, sendo difícil estabelecer o melhor, se o bailarino ou o guitarrista Edgardo Romero”. Nessa época ele já tinha o seu corpo de baile e já não dançava mais com Mariquita.

    Foram três espetáculos no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), e Antonio Córdoba esteve em Florianópolis por três semanas com suas bailarinas, “Rosario Reys muito simpática, Lídia Madelon beleza loura; Angelles Bello mignon e graciosa, a Leontina Laíz malícia ingênua”, e o Guitarrista espanhol Edgardo Romero, dizia o jornal O Estado de Florianópolis e continuava:

“É um grande bailarino, um grande artista e uma pessoa extremamente simpática que conquistou totalmente o público de Florianópolis com o seu famoso sapateado. Movimentos magníficos na interpretação de “Aragon Jota” e o “quadro Flamengo”- acredito ser a primeira menção da palavra flamenco nos periódicos de Florianópolis-, coreografias muito movimentadas e figurinos coloridos maravilhosos.

    Segundo jornal O Estado de Florianópolis, 1956, “Proporcionou para Florianópolis até então inéditos para o nosso público, que infelizmente não compareceu em massa, como deveria os espetáculos, prestigiando assim o famoso artista.”.

    Ainda segundo  a crítica do mesmo jornal, “a ausência de público e também de críticas teatrais são fatores negativos ao desenvolvimento do teatro em Florianópolis que ficou cinco anos sem uma casa de espetáculos e deve reagir para o bom desenvolvimento da cultura e da arte entre nós”.

    No espetáculo do mesmo ano em São Paulo, no teatro Colombo apresentou Falla; Granados; Turina; Albeniz, Gimenez e Leucona; os figurinos eram de Viudez e Ribeiro, executados por Encarnacion Y Barreto, de Madri, e pelo curto tempo de apresentação entre os espetáculos, acredito ter sido o mesmo repertório aqui em Florianópolis.

Rosário Reys

    É interessante destacar a passagem dessa bailarina por Florianópolis, que foi par durante muito tempo do Antônio de Córdoba e posteriormente é citada como professora de danças Espanholas no Rio de Janeiro.

    Segundo o jornal O Estado de Florianópolis, 1956 “Rosário Reys, aplaudidíssima, em fandango e tientos (não apresentados no teatro em Florianópolis até essa data); é uma linda mulher e grande bailarina”.

    Nessa mesma vinda, Rosário Reys, se apresentou no Sabinos Bar com o guitarrista Edgardo Romero; e segundo o colunista Zuri Machado ela cantou e dançou “reuniu uma distinta e seleta assistência que encantou os frequentadores. (Jornal O Estado de Florianópolis 1956).

        Desde os espetáculos no Colombo em São Paulo, no Rio Grande do Sul, no Guaíra em Curitiba e no Teatro Alvaro de Carvalho (TAC) em Florianópolis em 1956, não se tem mais notícias dos dois em periódicos pesquisados.

    Tudo leva a crer, que possam ter viajado para Argentina, pois Antônio foi professor em Buenos Aires de Alberto Turina e Mabel Martín .Num jornal o Turina diz que Rosário também tinha sido sua professora, mas não posso afirmar que tenha sido realmente  a Rosário Reys. 

    Numa conversa com a professora Márcia Gaia do Rio de Janeiro, ela afirmou ter feito aulas com o António de Córdoba no início dos anos 80, através de sua professora Tereza Canário, diz ter sido muito amiga do casal Turina e Mabel,  “eles tinham um flamenco antigo, tradicional dos anos 60. Lembro-me dele como muito paciente professor, um senhor, mas firme e elegante! Viveu e morreu aqui no Brasil vítima de um atropelamento”.

    Antônio Córdoba foi um dos Professores de Dança Espanhola de Thelma Elita no Rio de Janeiro quando ainda era criança, esteve com ele e Mariquita numa apresentação em 1954 na Academia  Ballet Society, palco do Fluminense (F.C).

https://www.youtube.com/watch?v=GScA0ArZxSY - filme Blood and Sand.

                     Marquita Flores E Antonio Córdoba 






Bibliografia:

Jornal O Estado de Florianópolis 1956 ( imagens).

Jornal Diário da Noite SP 1956.

Jornal Diário do Paraná, 1956.

Jornal Diário de Notícias (RS), 1956

Revista :A Casa (RJ) 0321 Ed. ( imagens).

Revista:O Cruzeiro (RJ) 0015 Ed. ( imagens).

MONASTERO, Bárbara de las Heras, PRIMEROS PROFESIONALES DE LA DANZA ESPAÑOLA Y FLAMENCO EN LA CIUDAD DE MÉXICO ENTRE 1920-1950. MÚSICA ORAL DEL SUR, Nos 11. Centro de Documentación Musical. Junta de Andalucía, 2014.

Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Professora Alessandra Gutierrez Gomes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mariucha em Florianópolis - 1925

Fonte:A Notícia,1925,ed. 00174 Faz um século que  Mariucha veio a Santa Catarina com os concertistas de bandolim e guitarra premiados pelo R...