sábado, 17 de abril de 2021

María Martínez de Loreto - A Malibram Preta

 


 
Nascida em Havana em 1802, mudou-se para Málaga ainda criança com a madrinha. Pioneira em cantar tangos na Europa. Em 1852 se apresentou em Londres e era chamada de a “Malibram Preta” e em Paris “Malibram Noire”.

O jornal "A Marmota da Corte" do Rio de Janeiro em 1853, aponta que "o Theatro Italiano de Paris, deu ultimamente em beneficio da preta. Maria Martinez havaneza de nascença, que não somente cantou mas dançou a dança de sua terra,  chamavam-lhe a Maliban Noire mas depois da nova habilidade ajuntaram-lhe a ´Cerrito Noire´ de sorte que conseguiu possuir os nomes de duas celebridades". 

Estudou e foi professora do Conservatório Real De Madrid- queridinha da Rainha Isabel, e segundo o Diário do Rio de Janeiro de 1866, ela era “Bela, alta, esbelta, falavam em Paris da vênus de bronze, sobre a beleza do corpo. "Tem graça de hespanhola e a vivacidade da americana. Quando se vê uma preta não se imagina que ella possa possuir aquele condão que cativa e fascina na mulher branca”. 

Era conhecida no Brasil pela imprensa da época,e quem tinha acesso a leitura dos periódicos sabia quem era.

A bailaora  Ynka Graves no documentário Gurumbé do Diretor Miguel Angel Rosales de 2016, afirma que na formação do flamenco “os negros são tão importantes quantos os ciganos, porém silenciados.”

Segundo Navarro, sobre o flamenco, “A los andaluces les debe la elegancia, la gracia y un punto de picardía; a los gitanos, la pasión, la garra y el temperamento; y a los negros, el descaro y la sensualidad." ou seja, "Aos andaluzes deve-se a elegância, a graça e uma pitada de travessura; aos ciganos, a paixão, a garra e o temperamento; e aos negros o atrevimento e a sensualidade". E ainda segundo Navarro:"El baile flamenco es Una criatura que tiene brazos de andaluza, pies de gitana y caderas de negra ”.

Bibliografia:

Diário do Rio de Janeiro (RJ)1866.

A Marmota da Corte, (RJ)1853.

NAVARROJosé Luiz , LOZANO, Eulalia Pablo, El Baile Flamenco Uma Aproximação Histórica. Ed.Almuzara.



Obs.: Caso queira retirar algo deste blog, por gentileza mencione o endereço e a pesquisadora Ale Gutierrez.



quarta-feira, 14 de abril de 2021

Carmencita - Carmen Dauset Moreno no Recife [ II ]


 

                                                  

Imagem O Besouro, 1902. (PE) 


 Logo que a trupe da Carmencita saiu do Recife em 1902, o jornal "Berliner Tageblatt", de 26 de Julho da mesma data, publicou que ela havido morrido de febre amarela, na miséria. Mas no mês seguinte, "O Jornal do Recife" de 17 de Agosto de 1902, desmente a informação.

Eis a notícia: 

"Berliner Tageblatt", de 26 de Julho de 1902.

“No Rio de Janeiro morreu a conhecida dançarina Carmecita e a notícia de sua morte seguiu-se a outra, deter, outr’ora tão fallada e admirada artista, terminado a sua vida na miséria. Carmencita era uma das dançarinas que executam danças que só na Hespanha esse sabe dançar. A mantilha, o véu de rendas, que adornam ricamente a cabeça de toda hespanhola, o leque também, em Carmencita desempenharam um papel importante; não somente seus pés, todo seu corpo dançava, e nisso ella mostrava uma graça de movimentos em que era inexcedível. Carmencita fez “furor” em toda parte onde exhibiu e se tornou celebre não somente por causa de sua arte, como também, e talvez mais ainda, por suas aventuras.

Dellas, autores parisienses têm publicado muitos capítulos nas folhas dos Boulevards, porém a história interessante desvariétés certamente há de ser escripta ainda e há de ser um livro sobrecarregado de episódios picantes, porque Carmencita pode se orgulhar de que também pretendentes a corôas empenharam-se para obter a sua amizade. Suas relações com o príncipe ricasso ainda estão na memória de todos. A diva possuía um adereço de cujo valor e riqueza se contam cousas fabulosas.

Desde alguns annos começou a escurecer a estrella, de felicidade de Carmencita.

Ella deixou- se arrastar por especulações arriscadas, atravessou o mundo novo e o velho como emprezaria d’ uma companhia propria, e n’isto perdeu a sua fortuna grande; enfim completamente empobrecida tambem tornou-se physicamente doente.

A  febre amarella pôz termo á sua vida agitada, longe de sua Pátria a Hespanha.”


Em seguida e com furor, reporta-se  "O Jornal do Recife" de 17 de Agosto de 1902: 

Damos abaixo uma notícia que Lemos no Berliner Tageblatt, de 26 de Julho, a respeito da Bela Carmencita que aqui esteve recentemente fazendo parte da companhia Lyrica de que era empresário o senhor Gustavo Campos. Deixando de parte os elogios feitos para a dançarina, podemos afirmar que a sua morte é um Canard. “La Bella Carmencita está atualmente na Bahia. 

 

“Vivinha da Silva”, Carmencita realmente causou furor no Recife, teve suas aventuras, dançou vestida de homem, foi presenteada com uma canção e até esteve atuando em plena epidemia de peste bubônica.

De maio a início de junho 1902 está no Theatro Santa Isabel, O Diário de Pernambuco anuncia a Grande Companhia Lyrica de Zarzuellas, os grandes bailados hispânicos, mas o separa no anúncio em dois grupos, os lyricos, orquestras e a zarzulelas que na estréia apresentou a La Marcha de Cadiz;  em sete de maio.

No Jornal do Recife, havia uma crítica dizendo não ser uma "artista hors ligne e exagera algumas vezes, o que, aliás, seria próprio do theatro hespanhol", segundo o crítico, “mas é de convir que tinha boa voz e estava destinada a formar partido, tendo jus a aplausos estrepitosos”.

 Em 31 de maio do mesmo jornal:

“A Senhora Carmencita, finalmente, dançou de modo a merecer aplausos, esquecendo os exageros que lhe são tão comuns e tanto a prejudica”.

O Jornal "A Província" , também anuncia a Grande Companhia Lyrica de Zarzuellas, os grandes bailados hispânicos, este era um jornal que fazia críticas muito detalhadas dos espetáculos, e no dia 20 de maio, noticia que "A bella Carmencita baila com um lindo traje de toureiro."

O Jornal "O Besouro" de 1902, não poupou críticas a companhia em Recife, pedindo informações de alguém no Rio de Janeiro sobre a Companhia e lhe foi respondido que:

 “A principal figura da Companhia é Carmencita artista de grande meio em cancionetas e incomparável maxixeira, gosta de cenas de ciúmes e no fim do ano passado próximo, quase era assassinada por seu amante, um engraxador, que a mimoseou com um tiro” (que não acertou!). 

Reclamavam, "O Besouro", que o espetáculo era de má qualidade, pelo ingresso que se pagava; que Carmencita fazia bem o que lhe competia: os maxixes e as cançonetas, mas que havia um casal que só sabia dançar sevilhanas e nada mais. E ainda afirmava que Carmencita foi expulsa da Comapanhia Lyrica por questões de “cheretas e guryzadas”.

Durante sua estada em Recife, foi escrita uma valsa saltitante com nome de Carmencita pelo professor Benecdito Santos, para essa atriz.

Depois de oito anos em 1910, retorna ao Recife (chegada do Norte), o Pequeno Jornal de Pernambuco anuncia que no Cine Theatro Helvetica, “a graciosa Dançarina hespanhola”. Em 01 de outubro e 08 novembro de 1910, ela apresentou Marcha Andaluza, El Aragonez, Soleares, Castanhitas, Duo Los Patos e o Maxixe. Analisando os jornais desse período, constatou-se que nas suas atuações ela havia cantado mais do que dançado solos, como era de costume e quando dançava tinha um par que se chamava Liverti Sandrey.

A revista "Vamos La" do Rio de Janeiro de 1947, trouxe uma reportagem sobre recordações do Recife antigo, Mario Sette que tinha 16 anos na época, escreveu sobre o "Theatro Santa Isabel", das zarzuelas, operetas e de uma espanhola “salerosa” que virou a cabeça de muitos homens endinheirados, da época: A bela Carmencita". 

Disse ainda, Sette que "Por vezes os teatros ficavam vazios, e o maestro com a batuta fazia “que deserto”. Benefícios palpitantes de entusiasmo como de Carmencita contrastaram com essas vazantes, em parte explicáveis, com a epidemia de peste bubônica a flagelar os recifenses. “E um dia a Companhia Lyrica de Zarzuelas de Gustavo Campos embarcou para outros destinos”.

 

Obs.: Caso queira retirar algo deste blog, por gentileza mencione o endereço e a pesquisadora  Professora Alessanda  Gutierrez Gomes. Gracias!


Matéria que desmente a morte de Carmencita.

Pequeno Jornal (PE), 1902

Província, (PE) 1910, Baila a Marcha Andaluza e Maxixe.



Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.



terça-feira, 13 de abril de 2021

Passou pelo Brasil Rio de Janeiro - Blanca Negri de Madrid

     




Segundo a revista "Cruzeiro" do Rio de Janeiro, ed 0029, uma "autêntica gitana" dos quadros populares de Zuluoga ou de Goya". 

Alguns dos bailados apresentados por ela foram:  Boleros, Panaderos e Fandangos.


Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza referenciar a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Carmencita, Carmen Dauset Moreno: A Incomparável Maxixeira


    Enquanto a brasileira Maria Lina e o seu par Duque faziam fama com o Maxixe na Europa, a célebre Carmencita, Carmen Dauset Moreno, a bailarina espanhola de Almería, é que brilhava nas operetas e zarzuelas aqui no Brasil, dançando em nossos teatros também o Maxixe. A "Incomparável maxixeira".

     "O Besouro", jornal de Recife em 1902 reclamava da Companhia que andava por lá em temporada: "(...) que o espetáculo é de má qualidade pelo ingresso que se paga, que a Carmencita faz bem o que lhe compete que são os maxixes e as cançonetas”.

    Um corpo da dança espanhola na música brasileira, nos Maxixes, Tango brasileiro, um tempo de Chiquinha Gonzaga. Fiquei imaginado o baile de Carmencita quando volta para Europa com novos movimentos, de danças brasileiras e tantas outras integrada no seu baile. Seu circuito aqui na América do Sul era: Brasil, Buenos Aires e Monte Vídeo, todas as viagens feitas de navio.

    Segundo ALONSO 2009, em 1904 na Espanha, os Cabarés adotaram "La Machicha Brasileña", considerada uma dança moderna e de transgressão, onde as mulheres eram absolutas protagonistas.

    Estou pesquisando a passagem da Carmencita no Brasil, e desconfio que esteve em Florianópolis no TAC, quero muito que seja verdade, mas ainda não posso comprovar.

Conheça Carmencita um filme de Thomas Edson,1894.

Sugestão de vídeo de Carmencita da Library of Congress:


Fonte de Pesquisa e Imagens: O Besouro jornal de Recife, 1902.


Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza referenciar a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.

 







Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.


Passou pelo Brasil , Rio de Janeiro - Antônia Merce: A Argentina



 Fonte: Gazeta de Notícias 1935.

NOTA: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza referenciar a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes. 

Mariucha em Florianópolis - 1925

Fonte:A Notícia,1925,ed. 00174 Faz um século que  Mariucha veio a Santa Catarina com os concertistas de bandolim e guitarra premiados pelo R...