Estela Sezefreda- A primeira Brasileira a Dançar Danças Espanholas em Teatro no Brasil.

 

    Tudo leva a crer que Estela Sezefreda seja a primeira brasileira a iniciar com as “danças espanholas” no teatro no Brasil, especificamente, no Real Teatro de São João do Rio de Janeiro; primeira bailarina pré-flamenca ou proto-flamenca brasileira.

    Segundo Zamoner, Estela Sezafreda veio para o Rio de Janeiro em 1822. Ela era nascida no Rio Grande do Sul e tinha 12 anos. Ingressou para o teatro “sem maior mérito que a graciosidade de sua figura". (Faria 2008).[1]

    Em 1822, Estela Sezefreda dançou em dueto gavotas e "caxuxas" com Luiz Lacombe Junior, ritmos esses, totalmente adequados ao  repertório da atriz-dançarina. Segundo os anúncios de periódicos, desse ano até 1838, Estela vinha se apresentando no Real Teatro de São João, com os principais gêneros de dança da época, dentre eles: o Lundu de Monroi, a cachucha, o fandango espanhol e o solo inglês, que ela dançava vestida de homem, de militar ou à antiga Brasileira [2]

    A Cachucha, o bolero e o fandango eram  intimamente associados em nossa terra a ideia de dança espanhola.

    Quando a musa se casou com João Caetano, virou estrela em sua companhia, e em alguns espetáculos bailou fandango, e tirana.  Havia, inclusive, anúncios publicados no ano de 1844 fazendo menção híbrida do “fado da tirana”.

    Em 1840 a austríaca Fanny Elsseler desembarcou em Nova York, e dançou a cachucha no teatro, fazendo o maior sucesso. De Fanny se encontra  muitas escritas nas literaturas acerca deste momento, até mesmo como sendo em primeira a bailar essa dança na América; porém vale ressaltar que a nossa brasileirinha aos 12 anos em 1822, já bailava a então caxuxa,  “sendo destacada a possibilidade de no Brasil ter sido Estela Sezefreda (1810-1874) a pioneira dessa dança nos palcos brasileiros (LIMA NETO, 2013)".[3]

    Sucena (1989, p. 41) confere à Estela Sezefreda (1810-1874), sem muita certeza,“[...] ter sido uma das primeiras bailarinas brasileiras a se dedicar à dança teatral”.[4]

"Expia" a Cachucha aí !!! 

https://www.youtube.com/watch?v=Vp5rb6aIUjs

E com quem Estela Sezefreda aprendeu a dançar?

     O coreógrafo nascido na Espanha e filho de franceses, Joseph Antoine Louis Lacombe (1786-1833); chegou ao Brasil com a família real. E foi dentro desse contexto que Louis Lacombe iniciou seus passos, transmitindo sua dança, em nosso país. segundo Sucena (1989), ele foi o primeiro coreógrafo que chegou ao Brasil, em 1811. Seu primeiro espetáculo teve o título de I Due Rivali e estreiou no ano de sua chegada. Ele assumiu, em 1816, o cargo de “compositor de danças” do Real Teatro de São João, onde permaneceu por vários anos.

    Lacombe tornou-se o responsável pela criação das danças nas festividades organizadas pela corte e, em 1825, recebeu o título de mestre de danças da Casa Real, sendo substituído, após sua morte, por seu irmão, Lourenço Lacombe[5] (1785-1839), que, na época, era o mestre de dança da senhora Dona Maria II (1819-1853), rainha de Portugal.

    Mesmo tendo feito dueto com o Lacombe Junior, anunciado nos periódicos da época de 1821 e 1824,  pelas datas levantadas e o cargo de “compositor de danças” do Real Teatro de São João, provavelmente, Louis Lacombe tenha sido seu primeiro professor.

 

Gravura de Jean-Baptiste DEBRET (1768-1848) in "Voyage pittoresque et historique au Brésil. Tome troisième". pág. 68. Paris, 1839. Domínio Público.

    Largo do Rocio (atual Praça Tiradentes), no Rio de Janeiro, em 1821, tendo ao fundo o "Real Theatro de São João" (atual Teatro João Caetano) e a frente o antigo Pelourinho, que foi removido em 1861 para dar lugar a nova estátua equestre de Dom Pedro I (Dom Pedro IV, em Portugal).  (Marcio Coutinho, 2019)

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[1] ZAMONER, Maristela. História da Dança de Salão no Brasil do século XIX e os irmãos Lacombe.

 [2]  NETO, Luiz Costa-Lima. A Dramaturgia Musical das Comédias de Luiz Carlos Martins Penna (1838-1874): Companhias, Artistas e Repertórios.

 [3] ROCHA, Edite. “Lundu da Monroy” no repertório instrumental manuscrito trânsitos, fontes e práticas musicais no espaço luso-brasileiro.

 [4] TEIXEIRA, Ana Cristina Echevengua. A midiatização das Companhias Oficiais de danças no Brasil: Ecos de Comunicação entre público e privado. Pontifica Universidade Católica de São Pailo PUC-SP, São Paulo, 2012.

 [5] São quatro, os irmão Lacombe professores de dança.

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Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.