terça-feira, 26 de abril de 2022

Isabel Soares - Florianópolis

 



     Foto: Acervo pessoal Isabel Soares.

Quando conhecemos a história das nossas Divas Bailoras brasileiras, compreendemos a construção do Flamenco no Brasil. Suas influências, etapas, estéticas e as escolas, dando uma visão mais concreta dessa arte dentro do nosso território.

Esse texto foi construído a partir de informações cedidas por Isabel, 2020, com o objetivo de que mais pessoas conheçam a sua trajetória artística dentro da História do Flamenco no Brasil, especificamente em Santa Catarina. A sua importante participação na divulgação dessa arte, dessa cultura através de sua docência, estética e poética; seus mestres, onde atuou.                                                                         

Isabel Soares nasceu no interior de São Paulo na metade da década de 40 e em 1979 veio para Florianópolis para ser psicóloga na Eletrosul. A cidade era pequena, apresentava-se nas festas da empresa e nas cidades do interior do Estado de SC (pela Eletrosul).

Nos anos 1980, quando tinha férias da empresa, ia fazer aulas na Espanha na escola Amor de Dios, “era muito difícil, fazia aulas particulares lá” disse ela.

A medida que se apresentava nos eventos em Florianópolis as pessoas a procuravam para saber se ela dava aula, e assim começou a lecionar aulas na garagem de casa, na Lagoa da Conceição.

Isabel afirma que não era artista de palco, “nunca fui muito de palco eu era uma bailaora do povo, dançava nas praças, nas festas de rua, festas populares, desfilava nas festas típicas, a Franklin Cascais[1] que me divulgava.” Dançava em tudo que era lugar, meus amigos diziam; “se tiver uma “luzinha” lá não sei aonde; esta lá Isabel dançando”.

 Em 1995 aposenta-se e abre uma escola na Lagoa da Conceição, passando a dedicar-se integralmente ao flamenco; a Lagoa era um lugar de passagem, a maioria dos alunos era de fora; esteve à frente da Escola por 12 anos. Com quase 70 anos, encerra a escola, e apenas apresenta-se.        

Com Danny Souza aprendeu Sevillanas que era algo novo para ela, era uma mulher muito a frente de seu tempo dizia que nunca teve preconceito fez aula com gente bem novinha.

 Isabel comenta que, quando veio morar em Florianópolis no fim dos anos 70 “deixou família, amigos e veio como uma total desconhecida e começou a mostrar para a cidade de Florianópolis o que era flamenco, as pessoas diziam “você toca aquele chocalho? Não querido aquilo não é um chocalho se chama “castanholas”!


                                                                                      Foto: Acervo pessoal Isabel Soares.

Passou por maestros que também são referências na história do flamenco de São Paulo e do Brasil, como Pepe de Córdoba e Ana Esmeralda, sem contar os maestros de quando ia se especializar na Espanha, privilégio de poucos naquela época.

Na escola de Isabel teve alguns workshops de grandes artistas da cena flamenca como; Encarna Anillo, Andrés Hernández Pituquete, El Torombo,Gabriela Moreo.

 Faz uma participação como bailarina no documentário "Santa Catarina: A história não revelada" 2013 (foto abaixo);Baseado no livro Porto dos Patos, de João Carlos Mosimann, o filme mostra alguns episódios da vida de Sebastião Caboto (1476-1557), o cartógrafo e explorador veneziano que aportou em Santa Catarina em 1526. Foi uma parceria entre a ONG Barra Sul e a Set Cinema e Televisão, com recursos captados pela Lei Rouanet, o documentário tem depoimentos de historiadores e encenações dramáticas. A direção de Liliane Motta Silveira.

 

                                                                                                       Foto: Cassiano Ferraz

https://www.youtube.com/watch?v=opWYlbIhe8E
Isabel dança entre os minutos 2:13 ao 2:43.

Sua história e seus primeiros contatos com a Dança Espanhola e Flamenca

A imigração espanhola a São Paulo aconteceu em duas grandes ondas. A primeira ocorreu no final do século XIX inicio do XX, composta de camponeses destinados a lavoura de café, muitos para substituir os italianos num período em que a Itália proibiu-os de imigrar.

Os espanhóis que emigraram a São Paulo eram originários de diversas regiões, sendo que prioritariamente vinham de Galícia e Andaluzia. A cidade que abrigou o maior número de imigrantes espanhóis em todos os períodos de imigração; “Los españoles formaron parte de este multiculturalismo. En la capital del estado (São Paulo) que acogería aproximadamente al 75% de los que emigraron a Brasil en el periodo 1880-1930”. [2]

É nesse contexto político-social que começou a história de Isabel Soares com a dança, aprendeu as Danças Espanholas ainda criança com a família e em meio aos imigrantes espanhóis em Cafelândia (SP). O seu avô materno Manoel Rodriguez dos Santos, veio da região da Galícia na Espanha para Cafelândia em São Paulo. Dele ela só sabe que cantava canções regionais e tocava a guitarra (violão).

Isabel cresceu com mãe (nascida no Brasil) cantando e dançando, ritmos “primitivos” do flamenco como tanguillos, rumbas, malaguenhas, as zambras e boleros flamenco que era muito lindo e nunca mais ouviu.

O pai ganhava a vida no cafezal e bananal, havia muitas famílias espanholas, também cafeicultores, e era comum unirem-se nos fins de semanas para festas de aniversários, batizados, “uma flor no cabelo, saia rodada, muitas palmas, danças, giros e leques. Não conheci nem o mantón (xale) e nem as castanholas naquela época”.

O pai de Isabel Soares tornou-se um grande fã de Lola Flores[3] naquela época, para ele a mulher mais linda do mundo, ouvia suas músicas no rádio. Tudo influência da mãe de Isabel que gostava muito desse “flamenco antigo, original”.

Os pais a estimularam muito com a dança, uma infância com muitos sarais familiares. Aos 11 anos ficou órfão, foi para São Paulo com irmãos, nunca mais ouviu aqueles ritmos que a faziam dançar.

Aos 20 anos viu uma programação numa escola de dança no Bexiga, São Paulo, estudou com o Pepe Córdoba conheceu outros ritmos mais elaborados e difíceis, mas parou por causa do trabalho e estudo.

Depois, entre a avenida Paulista com a rua Augusta, ouviu uma batida diferente uma senhora Espanhola de uns 50 anos, mas passou pouco tempo, pois precisava trabalhar; o sonho era ir para a Espanha.

Em 1975 foi para Madrid, queria aprender castanholas, mas queria ir para Granada e foi, fez aulas particulares por lá.

 Um Tablao em Florianópolis.

Pelos periódicos não encontramos referências sobre escolas de danças especializadas em Danças Espanholas ou mesmo o Flamenco em Florianópolis antes da chegada de Isabel Soares, a única referencia de algo mais próximo foi uma fotografia dos anos 40 de Albertina Ganzo com suas alunas, (que está nesse blog) e como afirmou a Ponchi Ganzo, em uma entrevista cedida, diz que a mãe até fez coreografias das Danças Espanholas, mas não se dedicava aos ensinamentos dessa modalidade.

Segundo Isabel, com a chegada de professores mais jovens nos anos 2000, com um flamenco mais técnico, sentiu um pouco de estranhamento, era tudo contado os passos; pensava, “eu sei isso, eu aprendi na Espanha; mas não era contado”; aos poucos foi perdendo toda emoção com o flamenco e as novas técnicas que aprendia “com essa gente mais jovem que trouxe o flamenco não sei de onde”, já não conhecia e se reconhecia no seu flamenco de outros tempos.

O relato de Isabel aponta um testemunho da história da evolução da dança flamenca em Florianópolis, no Brasil e na Espanha; dentro da história do flamenco temos aqui um ponto de “mutação, transformação[4]”. Um encontro de gerações e novas linguagens dentro da cultura; Isabel na infância tem o contato com as danças de forma espontânea, natural nas festas e sarais e com a convivência com os imigrantes espanhóis em Cafelândia, vai ter o contato com a dança acadêmica nos anos 60 e 70 em São Paulo. E vai a Espanha no fim dos anos 70 e 80.  Abre seu Tablado nos anos 90.

 “ La mayoría de los expertos de la historia del flamenco coincide en que fue a partir de finales de la década de los 70, cuando un creciente número de músicos de y en torno a la subcultura flamenca comenzó a buscar nuevas formas de expresión musical, motivados por la labor y la fascinación por artistas como Paco de Lucía, Camarón, Morente y Lebrijano[...], no sólo señalaba un cambio radical en la evolución de la música flamenca, sino un cambio cultural en general que avisaba de la nueva relación del flamenco con la sociedad contemporánea y sus tendencias culturales”. STEINGRESS,(2005).

 Quando ela chega a Florianópolis começa a se desenvolver na Espanha uma fase na qual chamamos de Novo Flamenco[5].

O Tablado Flamenco Isabel Soares iniciado na década de 90 (já ministrava aulas anos 80 em Florianópolis) certamente foi à primeira escola dedicada à arte flamenca na nossa cidade, deixando um legado dentro da história do Flamenco em Florianópolis, quiçá Santa Catarina, pois pela empresa que trabalhava levou essa arte a algumas cidades do seu interior.

Isabel desde a sua chegada a cidade de Florianópolis até o encerramento de suas atividades esteve praticamente quatro décadas ensinando a arte da dança flamenca em Florianópolis, a história dessa grande mestra e bailarina precisa ser conhecida, reconhecida!

“Fui para a Espanha muito cedo, trouxe muitos ensinamentos, eu vim aqui desbravar o flamenco, abrir estrada, tenho muito orgulho de sê-la, comecei a ensinar numa garagem, abri um tablado e uma escola de flamenco; eu abri caminhos dessa arte em Florianópolis”.

Olé Isabel, você é luz!

                                                       


                                                                                             Foto: Acervo pessoal Isabel Soares.

[1] Secretaria de Cultura da Prefeitura de Florianópolis.

 [2] CORNER, Dolores Martin Rodriguez in MARTÍNEZ, 2008:372, Cartas de Emigrantes Espanhóis (1911-1930).

[3] "Conhecida pelo codinome La Faraóna, Maria de Los Dolores Flores Ruiz nasceu em Jerez de La Frontera, no dia 21 de Janeiro de 1923. De ascendência cigana, foi uma das mais populares figuras espanholas do século XX. Em termos de comparação, foi tão popular em Espanha como Amália Rodrigues foi popular em Portugal”.

[5] “Quizás serviría comprender el Nuevo Flamenco como el sinónimo de todo aquel flamenco que intenta diferenciarse del modelo tradicional u ortodoxo del mairenismo, creado, difundido e impuesto entre 1955 (cuando Antonio Mairena lanzó su primer LP en Londres) y 1971 (cuando se emitió «Rito y Geografía del Cante» en la televisión española)”. STEINGRESS,(2005).

 


Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

SURAYA HELAIEL MAIA – em Florianópolis

 

        Suraya Helayel e a bailarina Patrícia Gerent que faz a Carmen inspirada em Rita Hayworth (um dos filmes inspiradores para Suraya) no espetáculo “Todas Somos Carmem”.

Quando conhecemos a história das Divas Bailoras brasileiras, compreendemos a construção do Flamenco no Brasil. Suas influências, etapas, estéticas; as escolas, dando uma visão mais concreta dessa arte dentro do nosso território.

Esse texto foi construído a partir de informações cedidas pela Suraya, em março de 2021, e tem como objetivo mais pessoas conhecerem sua trajetória artística dentro da História do Flamenco no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro e Santa Catarina. A sua importante participação na divulgação dessa arte, dessa cultura, através de sua docência e espetáculos, sua estética e poética, seus mestres e onde atuou. Aqui trazemos algumas informações, como diz Suraya "há tantas coisas, são tantos anos,que algumas ficarão de fora".

Suraya Helayel Maia nasceu em sete de Abril de 1945 em Niterói, Rio de Janeiro, filha de pai libanês mãe brasileira. Em 2006 muda-se para Florianópolis, Santa Catarina; o primeiro lugar que ministrou aulas foi numa academia no bairro do Itacorubi a Bailare, por três anos, dava aulas também em Joinville e, a princípio, a cada 15 dias visitava a cidade, posteriormente mudou-se para lá e ficou por um ano no Espaço Compás Y Arte, de Adriana Alves, que era professora de Flamenco e também sua aluna, fizeram muitas parcerias e trabalhos juntas. Fruto da parceria há o show Compás Y Arte, Fuerza Gitana Ida Y Vuelta (esse sobre o poeta que amava o flamenco chamado João Cabral Melo Neto, apresentado no Teatro Juarez Machado).

 Nesse intervalo de tempo, regressou ao Rio de Janeiro, apresentando-se com as alunas no Teatro Municipal de Niterói, voltando para Florianópolis somente em 2013. Em sua volta à ilha faz aulas com a Marília Cartell e Lela Martorano.

Em seguida, em 2017, é convidada para ministrar aulas de Danças Espanholas e Castanholas no Studio Ale Gutierrez e com esse grupo participa de diversas ações e espetáculos como coreógrafa, no espetáculo “A Frida que Habita em Mim[1]” um espetáculo que conta a história da pintora mexicana Frida Kahalo no Teatro Álvaro de Carvalho participa como bailarina e coreógrafa.

                                                           Paso Doble de Frida , Festival de Dança do ENCAD, Foto: Desconhecido

Nesse mesmo ano, 2018, foi premiada com a coreografia “Paso Doble de Frida” coreografada em conjunto com Ale Gutierrez no Festival de Dança do ENCAD no Teatro Pedro Ivo em Florianópolis.                



[1] https://studio.youtube.com/video/eigdSrNh1ys/edit

https://studio.youtube.com/video/5g0K7K3yZvU/edit

                  



                                                     Paso Doble de Frida , Festival de Dança do ENCAD, Foto: Desconhecido

 Escreveu o texto do espetáculo e coreografou algumas danças de “Todas Somos Carmem” no teatro da Ubro,  em 2019, sendo esse espetáculo uma homenagem do Studio Ale Gutierrez pelo reconhecimento da trajetória e arte da própria Suraya .

Apresentou com as alunas a coreografia de Clássico Espanhol “Granada” no Festival Premio Desterro, Danças Populares no Shopping Beira Mar.

Participou como bailarina e coreógrafa em 2019, dos Espetáculos Beneficentes “Olhos da Alma”, “Outubro Rosa” e do espetáculo do Studio Ale Gutierrez “O Aviador no Planeta de Cascaes” no Teatro Álvaro de Carvalho.

                                           Granada, “O Aviador no Planeta de Cascaes”, Foto: Rafael Gerent

Em 2020 faz a voz off, que encerra o espetáculo beneficente “Mulheres em Movimento” em prol a Delegacia de Mulheres de Florianópolis no Teatro do CIC onde as alunas do Studio encerram o espetáculo com uma performance de “Todas Somos Carmem” .

Na live “De Paseo por Sevilla”- La Feria de Abril - promovido pela UFFS, APEE, Associação de Professores de Espanhol de Santa Catarina, em Abril 2021 participou com convidada falando sobre o baile sevillanas. 

Com a "trégua" da pandemia e a vinda das vacinas  , em agosto de 2021,  volta ás aulas presenciais no Studio, e participa como bailarina e coreógrafa do espetáculo HEWAZ, do Studio Ale Gutierrez no Teatro Casa Armação em Florianópolis.


                                                                         Foto 1 Guajiras , 2021 Fotografia: Rafael Gerent 

É importante registrar que Suraya Helayel Maia ministrou aulas e esteve vinculada ao Studio Ale Gutierrez em Florianópolis, por cinco anos, ensinando, bailando, tocando suas castanholas, mesmo estando na casa dos seus setenta e poucos anos; preenchendo o espaço com muita sensualidade, vitalidade, elegância e “ímpeto” como pedia para trazer aos nossos movimentos. 

Sua História na Dança

Aos cinco anos de idade inicia o curso de balé clássico com grandes bailarinas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro: Sandra Dieckens, Nilcéa de las Casas; com a atriz Betty Faria no Clube Monte Líbano, Madeleine Rosey em Niterói. Se apresentando desde então em teatros. Conclui o curso de balé aos 13 anos na Academia de Dança Leda Iuque (Copacabana).

                                                             Ballet Clássico , 5 anos, Fotografia de acervo Suraya Helayel Maia

Começou na Dança Espanhola com castanholas aos 13 anos; 1958, na mesma escola onde fez o Ballet Clássico, segundo ela : “surgiu uma espanhola dando aula Dina De Aragon”[2], depois desse encontro, Suraya,estudou durante três anos. Segundo Suraya, não se ouvia falar em Flamenco nessa época, somente Dança Espanhola com Castanholas. Houve um intervalo até chegar ao flamenco em sua trajetória.


                                                      Dança Espanhola, 19 anos, Fotografia de acervo Suraya Helayel Maia

 

                   

Após ter vivido de 1977 a 1982, em Teresópolis (RJ) onde aprende jazz e dança moderna por dois anos; volta em 1982 para a cidade de Niterói e em 1984 uma amiga, Delfina, que fazia flamenco com um professor português que dava aula em Botafogo Arnaldo Triana, a convidou para fazer aulas a amiga se apresentava com ele, o conhecido grupo Jóias de Madri, logo Suraya fez aulas e passou a se apresentar (1985); “conheceu o flamenco através dele”. Arnaldo Triana ensinava tangos, alegrias, sevillanas e rumbas naquela época.

 



[2] Dina de Aragon aparece como professora de Danças espanholas na Academia de Artes Plínio Senna em 1957, jornal do Sports (RJ) e Academia Leda Iuqui, Correio da Manhã (RJ) em 1959.


                                                                         Década de 80, Fotografia do acervo de Suraya Helayel Maia
                                    

Suraya foi integrante do Grupo Los Romeros de Mabel Martin e Alberto Turina do Rio de Janeiro. Conheceu a Mabel Martin e o Alberto Turina em 1986, ainda não eram da Casa de Espanha. Eles se apresentavam no Bateau Mouche, e Suraya tinha apenas dois meses de aulas, Mabel dava aulas em Copacabana no Studio Leda Iuqui, onde ela começou quando tinha 13 anos a dança espanhola. Segundo Suraya “Eu queria muito me apresentar, a turma era cheia e eu ficava lá no fundo e pensava, ela nunca vai me ver aqui, como ela vai me chamar pra dançar? Mas ela me viu e me chamou!” Dançou no Bateau Mouche todas as danças, jotas, sevillanas,alegrias, tangos, muñeras  se apresentavam em vários lugares, cidades.

Entra para a dança flamenca na Casa D'España do Rio de Janeiro, na Casa de Espanha aprendeu danças Regionais da Espanha, La jotas de várias províncias da Espanha, Dança Espanhola, tinham a escola bolera e flamenca. Na Casa de Espanha havia mais variedade de palos flamenco, todos os figurinos eram feitos la .

Mabel Martin e Alberto Turina eram com os grandes mestres, Alberto Turina era completo, guitarrista, bailaor, coreógrafo.

Com eles se apresentou em vários espetáculos no Rio de Janeiro e em São Paulo: Teatro Municipal de Niterói, Paço Imperial no Rio, MASP, entre outros.

Em 1986 participa do show "Romancero Gitano", de Garcia Lorca, como bailarina da Casa

D'España “meu irmão Gibran Helayel, tocou guitarra flamenca com Alberto nesse espetáculo, ele é musico e na época tocava flamenco” aprendeu a guitarra flamenca com Turina, hoje é regente do Coral do Instituto Cervantes só com musicas espanholas. 


 No MASP apresentaram-se com a Ana Esmeralda, Suraya dançou Danças Espanholas e Sevillanas. “Mabel deu um show e ele, Turina,dançou com a Ana Esmeralda e com Nino de Brener, cantando”.

 Estava com eles há uns cinco anos, quando Mabel sugeriu que a Suraya desse aula numa academia em Niterói.

Estruturas de aulas, agora é uma maestra:

Em 1992 começa a dar aula de flamenco no Studio Juliana Yanakiewa, em Niterói e monta um grupo de dança, Luna Llena. No começo ensinava tangos, soleares, aula com bracejos, sapateado simples, rumbas, coisas mais simples, porque estava começando; todo o ano havia apresentação da academia, dava aulas e ao mesmo tempo estudava com a Mabel. Mesmo estando como professora fazia reciclagem na casa de Espanha com os professores Mabel e Alberto e também whorkshops, mas era bem difícil ter.

                Suraya não gostava das danças regionais, ela participava do Grupo da Casa de Espanha e dançava, “elas faziam o maior sucesso com o publico as jotas, muiñeras, fandangos”; mas não ensinava. Seguiu ensinando rumbas, tangos, tanguillos,fandangos,solea, solea por bulerias, seguirijas, bulerias, palo seco basicamente, as árias mais importantes da Ópera Carmen e Dança Espanhola como  Malagueña, Granada,etc.

Nas suas aulas utilizava musica mecânica com fitas cassetes era difícil levar guitarrista para Niterói, e eram poucos, e a música mecânica facilitava as apresentações nos variados espaços, “as aulas com Turina eram com guitarra, mas a maioria das vezes com música mecânica também. Todos os lugares num modo geral”. 

Desde que começou a dar aulas em Niterói em 1992 não parou mais, seu grupo Luna Llena, era muito conhecido, dançam em muitos lugares, eventos beneficente ou com cachê, em restaurantes, hotéis, bares, praças publicas, casamentos, não semente em teatros “nós não parávamos”.

Em 1993 dá aula na cidade de Maricá, (RJ) e ganha o segundo lugar no IV Festival Gonçalense de Dança, com a coreografia "Carmen - Habanera" de Georges Bizet. 

Participa do Arte Espanha Rio, como coreógrafa e bailarina. (1996 a 1998).

Abre sua academia em Niterói em 1999 “Luna Llena Danças”. Onde inclui as mais diversas modalidades de dança: dança de salão e tango com os professores Solange Dantas e Fernando Brasil, (ambos atualmente atuando), Dança do ventre com a Lili Califfa e Aminah al Abdallah (esta, atualmente dando aulas), Dança  Cigana com Arilce Xavier, atualmente em plena atividade, além de Dança Indiana, balé clássico para adultos e hip-hop.

                                                            Luna LLena RJ, Fotografia do acervo de Suraya Helayel Maia

 Participava do Festival Arte Espanha Rio de Tereza Maximo com dança espanhola e flamenca; como atriz, bailarina e coreógrafa, participou da montagem da peça teatral "A Linguagem das Flores", na AABB de Niterói em 2003.

O nome que foi do Grupo e da Escola foi inspirado numa música de Caetano Veloso, Tomada de Lluna llena. A escola Luna Llena Danças foi da Suraya de 1999 a 2004, por cinco anos no bairro Icaraí, Niterói no Rio de Janeiro, mesmo vendendo a escola para outra professora, continuou dando aulas la.

“Havia poucos professores em Niterói naquela época, o Ricardo Samel, Marcos Taglieri, e outra que não recordo”.

 Luna LLena RJ, Fotografia do acervo de Suraya Helayel Maia

            A Era Gades, Paco e Saura 

Quando Suraya começa no flamenco em meados dos anos 80 e segue com professora nos anos 90 e olhamos os periódicos dessa época, existem alguns nomes que se destacavam nos jornais e revistas nessas décadas que era Paco de LuciaAntonio Gades e Carlos Saura, Suraya relata como foi o contato com esses artistas e a influencia em sua prática docente no flamenco.

“Ao chegar à escola da Juliana Yenakeva (1992) perguntei se haviam fitas cassetes para emprestar, se tinham músicas, pois ela não tinha o material; Juliana falou que os professores teriam que ter suas próprias fitas cassetes” foi onde o seu marido na época comprou o disco do Paco de Lucia, que o usou como trilha para suas aulas. Lembrou também da febre dos Gypsy Kings, “todos os grupos de danças ciganas e flamencas faziam muitas coreografias, fiz várias, eram animadas e lindas”.

“Quando assisti Carmen de Carlos Saura eu fiquei muito impactada, fascinada, eu vi os três, a trilogia, todas influenciaram alguns passos nas minhas coreografias que foram inspirados no filme, não gosto de copiar é um detalhe ou outro que agente coloca, porque da onde vamos tirar os passos? Realmente influenciaram muito a minha maneira de ver o flamenco. Sempre recomendo até hoje que as alunas assistam a trilogia, principalmente Carmen.”

Embora gostasse muito de Antônio Gades e era inspirador, não conseguiu assistir o espetáculo dele, mas assistiu Joaquim Cortez, Antônio Canales com Merche Esmeralda, Eva Yerbabuena.

                                             

                                                                             Luna LLena RJ, Fotografia do acervo de Suraya Helayel Maia
             
 

 Sobre seus Mestres

 Quando perguntado se ensinou passos que aprendeu com seus maestros aos seus alunos respondeu; “ainda faço passos que aprendi com os professores, e o flamenco é uma dança que tem passos muito parecidos, quase todo as coreografias de soleares, alegrias, por exemplo, tem passos iguais, não da pra inventar passos que não tem nada a ver com flamenco, uma mão, um trejeito,até vai , diferente do Israel Galvan, que esta fazendo coisas novíssimas, não gosto do que ele faz, ele é muito exótico dançou dentro do caixão; mas eu gosto dele, da história dele.”

“Trago até hoje de tudo que aprendi, os movimentos , passos, não são idênticos, não tem como fugir do que você aprendeu tudo segue um método, uma certeza de ter aprendido até aqui, sempre trago coisas da Mabel e do Alberto, dos whorkshps, usei algo do Adrian Galia[1] e do filme Carmen”.

 

Uma mulher como poucas! Escritora, bailarina, bailaora uma artista brasileira que ainda constrói  ativamente a história do flamenco no nosso país. 




[1] Fez Whorkshop do Adrian Galia 1996 e fui assistir a um show dele mais tarde com a Isabel Soares em Curitiba.

[2] https://studioalegutierrez.blogspot.com/2021/05/historia-da-danca-espanhola-em.html

Foi professor de Danças Espanholas de Thelma Elita, nascida em Florianópolis, no Rio de Janeiro.

Periódicos:


                                                Jornal o Fluminense, edição 37646, 2006.                                    

           Jornal o Fluminense,2006.


                                                        Jornal o Fluminense, edição 37498,2005.



                                                             Jornal o Fluminense, edição 37495,2005.

                                                                             Jornal o Fluminense, edição 36731,2003.


Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.



Pilar Cardona e Lili Stuart

 





Pilar e Lili

1919- Imparcial Diário Ilustrado.

A família Cardona é de tradição circense. Entre 1908 e 1912 os jornais noticiavam os espetáculos da família no Circo Spinelli no Rio de Janeiro, o pai, Juan Cardona, foi o primeiro Clow do Brasil, Juan também participava das tauromachias

A esposa de Juan, Lili Stuart, foi a primeira trapezista do Brasil e também se apresentava com sua filha Pilar bailando e tocando as castanholas. Certamente, segundo Paulo Eduardo Grijó (neto de Pilar), foi a mãe Lili que ensinou toda a sua arte para Pilar Cardona.

Conhecer a existência dessas dançarinas, artistas e bailarinas Pilar Cardona e Lili Stuart é trazer a luz o conhecimento sobre a história da Dança Espanhola no Brasil, Pilar nasceu em 1891;  veio de Barcelona em 1906 atuou uns 30 nos no circo e  1973 faleceu no Rio de Janeiro.

Mais uma vez o circo confirmando que essa dança não estava ligada somente as companhias e teatros.  E as nossas investigações e pesquisas precisam romper barreiras e ampliar os olhares em relação ao Brasil.  

Muito se fala nos espaços dos teatros com certa glamorização e valorização somente desses artistas, mas devemos muito aos artistas populares. Pela mobilidade do circo devemos destacar a sua importância em levar a arte da Dança Espanhola para vários rincões do Brasil. Fazendo parte da construção da nossa história e cultura brasileira, destaco as mulheres pioneiras dessa arte no inicio do século XX, muitas “interprete solo” que são agentes da cultura popular e abriram caminhos pra estarmos aqui.

Nosso profundo respeito à memória dessas artistas circenses e “Dançarinas Hespanholas”, artistas que atuaram em território brasileiro no inicio do século XX.

 


[1] Arte de tourear, de correr touros.

 [2]Bandarilheiro é um artista tauromáquico que participa nas touradas auxiliando, a pé, o toureiro. Os bandarilheiros são membros da quadrilha que acompanha e auxilia o matador de touros/novilheiro ou o cavaleiro tauromáquico.

 

                                                                                Pilar


Lili Stuart




                                                                 1921- Teatros e Sport



                                                                                                     Pilar e Grijo Sobrinho, e a filha Aída.

Fotografias cedidas pelo neto Paulo Eduardo Grijó.

Obs.: Caso queira retirar informações deste blog, por gentileza cite e referencie a pesquisadora deste lindo trabalho: Alessandra Gutierrez Gomes.


Mariucha em Florianópolis - 1925

Fonte:A Notícia,1925,ed. 00174 Faz um século que  Mariucha veio a Santa Catarina com os concertistas de bandolim e guitarra premiados pelo R...